Endereço
151b - Loteamento Colibri
Planalto - Arapiraca, AL
Horário de atendimento
Seg. a Sex. : 8h AM - 18h PM
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Texto: Breno Airan
Fotos: Leandro do Karmo
O brega não tem cor. Tem o cri du coeur.
E esse tal “grito do coração” — em livre tradução do francês — atinge todo mundo, em nossa horizontalidade humana. Mas convenhamos: um grito não precisa ser traduzido.
Como estamos então falando a mesma língua, é perceptível que todo mundo seja brega. Até mesmo quem finge ser autêntico, de maneira inconsciente, segue uma fórmula.
Talvez abraçar o clichê pode ser um modo de estar mais perto do coração das coisas.
E o alagoano Janu não fica só aguardando o vento vir. Rema os nossos sinais e vai logo para a ação.
Por isso, ele está lançando seu mais novo full-lenght: será um trabalho conceitual dividido em outro novo volume — como acontece com o “Lindeza”, que veio às prateleiras em Parte 1 (2015) e Parte 2 (2016).
O que ele coloca agora na mesa, após passar a velha flanela laranja, é um trabalho sólido, com produção e execução consistentes e uma mixagem e masterização dignas de paredão.
Neste dia 31 de maio, véspera do tradicional Mês de São João, ficaremos já com as faixas dos “10 Super Sucessos – Vol. 1”, CD disponível em todas as plataformas e bares digitais. Do Spotify ao Demário.
Brega não dá briga
A união faz a força deste novo álbum do alagoano, natural de Arapiraca-AL, a Capital do Fumo.
Depois de alguns tragos no som, a cada nova audição, vê-se o cuidado em não soar pedante. Aqui é Janu Leite dando de beber. E ajudando com que nos embriaguemos.
Com este estilo musical, não há confusão ou roteiro mirabolante.
Parece haver um véu, que envolve suavemente quem se levanta para a música brega. Um swing, uma desfaçatez, um quadril que naturalmente se mexe.
E mais que isso: dá espaço a outros gêneros que se apresentam no material, que podem ser notados neste novo álbum, a exemplo do piseiro, da moda de viola e da cúmbia. Só para citar alguns.
Todos de mãos dadas neste disco. Que, inclusive, conta com Paulo Franco (da Gato Negro) na produção, mixagem e tocando guitarras; Tiago Luz nos teclados; Noaldo do Acordeon (em “Eu Quero Ser a Razão da Tua Vida”); Fernando Melo nos violões (em “Eu Quero Ser a Razão da Tua Vida” e “Me Ignora”); Almir Medeiros nos arranjos de cordas — violinos, viola de arco e violoncelo (em “Aquela Coisa Massa”); Rodrigo Cruz na bateria; Ricardo Evangelista nas percussões; Marciel Esley nos trompetes e sax; e Vanessa Fernandes (com quem Janu e Gabi Cavalcante estão também fazendo um projeto de cúmbia) nos backing vocals.
A marcante locução que aparece em algumas canções é de Júnior Duarte, que fez vinhetas clássicas de bandas de forró das antigas.
Já a masterização ficou por conta do premiado pelo Grammy Latino, o também alagoano Júnior Evangelista. O design da capa é de Riann e as fotos, de Leandro do Karmo.
Como reforço, Janu puxou mais cadeiras para a mesa, convidando alguns feats para a festa: o argentino Gonzalo Vieira e as alagoanas Llari Gleiss e Vitória Rodrigues, respectivamente, em “Me Ignora”, “Eu Ñ Quero Reggae com Vc” e “Brega Bem Vadio”.
Vitória assina essa faixa com Janu — as restantes são todas composições inteiramente dele. A cantora e atriz está, aliás, atuando na novela global “No Rancho Fundo”, onde sua personagem trabalha em um cabaré.
Alta qualidade
Para Janu, o brega foi sempre renegado, tido como algo de baixa qualidade. Mas hoje vê uma mudança de paradigma acontecendo, ao passo que mais seriedade é levada para o estilo.
“Venho refletindo desde meu álbum anterior, o ‘Miolo do Oxente’, sobre isso do que é pop, do que é popular. Acho que continuei um pouco com essa ‘pesquisa’ no ‘10 Super Sucessos’, tentando desmistificar algumas coisas sobre o brega. O resultado, na verdade, acabou virando um álbum de Música Popular Latino-Americana, com tantos estilos juntos. Em viagens recentes que fiz pelo Chile, Peru e Argentina, pude me emantar nesses sons e nessas realidades do nosso povo. Pude me envolver e escutar muita coisa nova do nosso continente. Isso me propiciou conhecer melhor nossas raízes, me fazendo perceber que o brega pode ser visto, diante vários ângulos, dentro da bachata, bolero, tango e algo da cúmbia”, revela o artista de 35 anos, que deixou neste play o seu baixo, guitarras, synths, teclados, beats e a sua voz.
O ritmo é associado essencialmente ao choro, ao sofrimento ou a ingenuidades. “Apesar disso, eu diria que o blues do Brasil é, na verdade, o samba. Ele saiu das favelas e atingiu a elite musical. O brega ainda não conseguiu essa unanimidade que o samba tem. É algo curioso. Hoje eu, a Marília Mendonça, o Gusttavo Lima, o Pablo, o Felipe Cordeiro, a Banda Sentimentos, a Pablo Vittar, os Los Hermanos em ‘Veja Bem Meu Bem’, esses e muitos outros sabem que brega não é mais sinônimo de cafona: é um exagero dramático com muita qualidade musical. Venho analisando as raízes dele aqui no Brasil. A Wikipédia diz que a música dos anos 1940/50 era pejorativamente brega. Se escutarmos Cauby Peixoto, ngela Maria e Nelson Gonçalves… sem palavras! Arrepia! Mais tarde, surge um Novo Brega por aqui, trazido pela ‘And I Love Her’, dos Beatles. É incrível! E agora estamos aqui. Estou fervilhando nesse assunto”, pontua Janu.
Enquanto está quente, então, ele o traz à mesa. A conta já está paga pela Lindeza Produções.
No cardápio, o volume 1 dos Super Sucessos foi gravado em Arapiraca-AL, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e em Grötzingen, na Alemanha.
Janu está ganhando o mundo — por isso mesmo, indo para casa.
Confira os 10 Super Sucessos
Faça download ou escute no site www.januleite.com.br.