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Dia do Poeta: Três autores de Arapiraca participam de antologia nacional de haikai

Por assessoria

O que é poesia? Um estado de graça? Um toque gentil no momento presente? Um deslumbre pela forma, para além do entendimento pleno? É difícil definir. E por isso, tanto encanto.

No canto de cá, em Alagoas, três jovens poetas de Arapiraca — segunda maior cidade do Estado — foram contemplados em um edital da Pangeia Editora e do selo Edições Dionysius, intitulado “Haicai-Brasil”.

O anúncio foi divulgado há pouco no site da editora (www.editorapangeia.com.br/haicai-brasil-selecionados), com o nome de todos e todas que passaram pelo concurso.

Nesta quinta-feira (20), é reverenciado o Dia Nacional do Poeta. E há, sim, o que se celebrar por aqui.

Os arapiraquenses Riann Karlo, de 21 anos, Luciano Felizardo, 22, e Breno Airan, 33, se lançaram de peito aberto na poesia japonesa nestes últimos anos e estão entre os 125 poetas brasileiros presentes nesta antologia, com quatro poemas cada.

O haikai — ou haicai, como ficou conhecido aqui no Brasil — é um tipo poético que se utiliza do mínimo para dizer muito, geralmente utilizando frases dúbias ou palavras polissêmicas, isto é, com mais de um significado. Essa é uma característica bem marcante entre os idiomas brasileiro e japonês.

“Esta é uma poesia da sugestão, do inacabamento, da antipompa. Como se o poema fosse uma nota, uma janela mostrando a paisagem, uma foto-fragmento do instante decisivo. Há sempre um jogo de palavras nesse pequeno tabuleiro de três versos”, diz Breno Airan, que tem também haikais em seu livro “Meio Chá de Pólvora”, lançado em 2016 pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.

Tradicionalmente, o haikai possui três linhas ou versos em esquema 5-7-5, com 17 sílabas (ou 17 sons, em japonês). Em traços gerais, há geralmente menções às estações do ano ou temas ligados à natureza e à passagem do tempo. Mas não é regra.

Breno afirma que Alagoas tem diversos haikaístas (os haijins) e entusiastas desta poesia — como Lêdo Ivo, Sérgio Prado Moura, Natália Silveira, Jô Saulo e Lisley Nogueira, por exemplo — sendo esta uma prática até de vida. Um caminho para um olhar mais simples e atencioso ao que está em nossa volta.

O Brasil também tem grandes nomes que fazem com habilidade samurai este tipo de poesia, como Paulo Leminski, Alice Ruiz S, Teruko Oda, Millôr Fernandes, Guilherme de Almeida, Masuda Goga, Paulo Franchetti, José Paulo Paes, Olga Savary e tantos outros.

Nesta antologia “Haicai-Brasil” estão nomes importantes desse fazer poético atual como Carlos Martins, Cristiana Cardoso, Bruno Ítalo Pinto, Daniel Morine, Mayron Engel, Fabiana Lessa e Lilian Saeko.

“Estar neste livro junto desses contemporâneos tão talentosos e com meus queridos amigos de chão, Riannzinho e Lu, me deixa realmente sem palavras. Muito feliz!”, coloca Breno Airan, que em 2019 já havia recebido menção honrosa no 3º Concurso de Haicai de Toledo – Kenzo Takemori (categoria adulto, âmbito nacional).

Além dele, que é jornalista e músico da banda Casa da Mata, estão também entre os selecionados o estudante de Psicologia, Luciano Felizardo, e o designer Riann Karlo.

“A poesia, para mim, é um analgésico, um desabafo. É o exercício de juntar meus cacos cotidianos e fazer deles um vitral. E o haikai me chega mais como um método. Um caminho. Um ritual religioso, mesmo! Através dele, me entendo melhor, me transvejo, observo atentamente o mundo ao meu redor e entendo minha posição no aqui e no agora. É incrível estar com Breno e Riann nesta antologia, porque aprendi a essência do haikai junto com eles”, pontua Luciano.

Para ele, Alagoas segue mostrando a quantidade de artistas incríveis que têm “e nós, artistas, seguimos mostrando que o trabalho desenvolvido é sempre feito com seriedade e dedicação”.

Lu — como é carinhosamente chamado — tem dois livros de poesia publicados: “Em 3 Linhas” (independente), de 2020, que é exclusivamente de haikais; e “Playlist-Poema” (editora Ipêamarelo), de 2022. Além disso, está no prelo com o livro de contos “Novelas de Beco”, em pré-venda pela editora Urutau.

Já Riann, até pouco tempo, não se considerava poeta. Ele tem livro pronto, mas ainda não lançado.

“Qualquer um pode escrever poesia e, por isso mesmo, ela é importante. Poder expressar, explorar o que quiser, ler outros autores e autoras, aprender aos poucos consigo mesmo o que se pode mudar para melhor… é intimista. No mais, a poesia é uma sala de espera com vários cadernos, lápis e borrachas — com tempo e espaço para o erro. Já o haikai é uma caminhada no silêncio: andar sem pressa percebendo o momento. Um lance contemplativo e acessível, o vasto no pouco. Uma vertente da verdadeira poesia, justamente pela simplicidade”, comenta.

Ele ressalta ser um “cara quieto”, diferente de Breno e Lu, e que “estar saindo nessa antologia a nível nacional com dois conterrâneos conhecidos (inclusive, Breno é meu primo) é massa! Só demonstra como as coisas são possíveis quando você decide sair do casulo e voar um pouco”.

A antologia “Haicai-Brasil”, da editora Pangeia, está prevista para ser lançada em livro físico em 2023.

O voo dos três versos destes três arapiraquenses já nasceu. É primavera!

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